Câmbio mecânico é destaque do modelo com teto retrátil à venda nos EUA.
Mais de 1,2 mil unidades da versão cupê já foram comercializadas no Brasil.
Chevrolet Camaro Convertible é a versão mais
divertida do modelo (Foto: Priscila Dal Poggetto/G1)
Lançar o Camaro conversível no Brasil é visto como um delicado desafio pela General Motors. Segundo o vice-presidente da montadora no país, Marcos Munhoz, um volume de cerca de 50 unidades vendidas por mês poderia até justificar a importação da versão com teto retrátil do muscle car, mas essa é uma meta considerada audaciosa. A opção "tradicional", a cupê, ultrapassou 1,2 mil unidades no mercado brasileiro de outubro, quando foi lançada, até o mês passado, incluindo encomendas.
Trazer mais um ícone da marca para reforçar sua imagem seria uma possível justificativa dos próprios executivos da GM para a vinda do conversível. O argumento é reforçado pelo fato de esse nicho ter começado agora a atrair mais a atenção do brasileiro. Em contrapartida, dois aspectos ainda pesam muito na hora da escolha: violência urbana e altas temperaturas.
Enquanto a GM faz mistério sobre a vinda do carro, o G1 conferiu o desempenho do modelo nas ruas de Indianápolis, nos Estados Unidos, e compara o carro com o modelo cupê disponível no Brasil. As duas versões testadas foram da configuração topo de linha, a SS. No entanto, no caso do conversível, o câmbio é manual e, no Camaro SS, automático. Ambas são transmissões de seis marchas.
Os dois modelos possuem o mesmo motor V8, o mesmo acabamento interno e as mesmas dimensões. A grande diferença está na capota retrátil de lona. Aliás, quem entra no carro pela primeira vez tem que estar consciente de que não se trata de um modelo de luxo, mas sim de um carro esportivo com linhas bem chamativas.
Por isso, não é de se estranhar o largo uso de plástico no interior, mas muito bem adornados com detalhes em resina, luzes de LED nas portas, mostradores analógicos que apontam pressão e temperatura do óleo, voltagem da bateria e temperatura do fluido de transmissão das marchas, e painel de instrumentos com design típico de muscle cars como Camaro, Mustang e Challenger.
Definitivamente, as duas versões foram desenvolvidas tanto para quem está tanto do lado de dentro quanto de fora do carro. O design premiado chama a atenção de qualquer pedestre. E não só no Brasil, que não tem tradição nesta categoria de carro: mesmo em ruas nos EUA o modelo atrai olhares e até perguntas como se era a versão 2012 - no caso, foi o modelo 2011.
Capota da versão conversível é fácil de manusear, mas lenta (Foto: Priscila Dal Poggetto/G1)
Do lado de dentroA posição de dirigir difere de um carro normal por ser bem mais baixa. Mas uma postura confortável para guiar é facilmente encontrada. Dimensões bem visíveis e sensores de ré contribuem bastante para isso, mas o que faz a diferença no conforto são as oito regulagens elétricas para o banco do motorista. Já o do passageiro conta com duas. Além disso, o volante tem ajuste de profundidade.
No banco traseiro, até dá para levar duas pessoas de carona, mas é apertado. No caso da versão Convertible, o passageiro fica mais confortável só quando a capota está aberta, pelo simples fato de não ter teto para bater a cabeça. De qualquer forma, todos os bancos são ergonomicamente bem projetados e revestidos em couro.
Capota fácil de usar, mas lenta
A capota é um charme que compensa. O sistema de abertura do teto é muito simples e fácil de manusear. Basta destravá-la por uma alavanca e acionar um botão para abrir e fechar a capota sem esforço.
A parte chata é a demora para isso tudo. São 20 segundos em cada movimento. Isso em grandes capitais, como São Paulo, é um ponto fraco pelo risco à segurança.
Mesmo em caso de pancadas de chuva, a demora faz diferença. Aliás, nesse caso, a demora é agravada pelo fato de que você só consegue ativar o sistema (tanto para abrir quanto para fechar) com o carro totalmente parado. Ou seja, até achar um lugar para estacionar, a chance de você ficar ensopado, assim como o carro, é grande.
Desempenho
As duas versões são equipadas com o V8 6.2, que desenvolve 406 cavalos de potência a 5.900 rpm e 56,7 kgfm de torque a 4.200 rpm. O Camaro acelera de 0 a 100 km/h em 4,8 segundos e tem velocidade máxima limitada eletronicamente a 250 km/h.
Motor V8 6.2 de 406 cavalos é o mesmo nas duas
versões (Foto: Priscila Dal Poggetto/G1)
De forma geral, os dois carros são muito prazerosos de se dirigir, sobretudo pela habilidade de se fazer manobras e pela estabilidade. Em curvas acentuadas, o carro gruda no chão, assim o condutor pode acelerar confortavelmente.
Os carros vêm de série com airbags, sistema de freios ABS e controles de estabilidade e de tração. Neste caso, eles podem atuar em dois níveis diferentes, para se ter uma direção mais esportiva.
O computador de bordo tem sete funções apresentadas em uma tela de cristal líquido e no Head-Up Display (HDU), um dispositivo que projeta todas as informações sobre o carro no para-brisa do veículo.
Câmbio faz diferença
A única diferença na parte mecânica entre os dois carros avaliados é a transmissão. No Brasil, não há a opção de câmbio manual, o que faz falta. Como se trata de um motor V8, é natural que a embreagem seja mais pesada. Mas o motorista logo se acostuma com a "pegada" do sistema.
O encaixe das marchas é acertado, com trocas precisas que lembram as do Astra, vendido no Brasil. Com a força do V8, as retomadas são extremamente rápidas. Não que o câmbio automático seja ruim, mas, mesmo com a opção das borboletas no volante para a troca de marchas, ele deixa a desejar no quesito esportividade.
Versão cupê do Camaro é vendida no Brasil apenas na opção SS (Foto: Divulgação)
Sistema de som e rádio-satéliteJá o sistema de som tem disqueteira para seis discos, MP3 player, entrada USB, Bluetooth e nove alto-falantes, que garantem a qualidade do som mesmo com a capota aberta, no caso do conversível.
Nos EUA, o carro conta ainda com a vantagem do rádio-satélite Syrius. Ele opera na frequência XM — no Brasil só existem FM e AM. O diferencial é que você pode sintonizar rádios segmentadas que abrangem o país inteiro. Assim, é possível escutar uma rádio que toca apenas músicas de Elvis Presley e ir da costa oeste à leste sem interrupções de sinal. O repertório vai de música gospel a doom metal.
Interior do conversível é o mesmo do cupê; câmbio manual é destaque (Foto: Priscila Dal Poggetto/G1)
OnStar
Ainda nos EUA, o Camaro conta com o sistema OnStar, um serviço que localiza o carro ou orienta motorista e passageiros em casos de emergências, como acidentes. Ele também funciona como um GPS personalizado. Essa função foi testada pelo G1 e se mostrou muito eficiente. Basta apertar um botão localizado no espelho retrovisor do carro.
Por comando de voz, você informa o seu destino e a rota é automaticamente calculada. O computador passa além das instruções de caminho, quanto tempo o percurso vai durar e quantas milhas faltam para o próximo ponto onde terá de virar ou fazer qualquer outro tipo de manobra. Se o sistema não acha o local, ele encaminha a uma central de atendimento. O serviço custa cerca de US$ 25 por mês.
Balanço final
Se a GM decidir vender o Camaro Convertible no Brasil, o consumidor terá uma opção do muscle car muito mais esportiva e divertida. Tudo dependerá, obviamente, do gosto e do tamanho do bolso do interessado. Se o Camaro SS custa R$ 185 mil, o Convertible SS não sairia por menos de R$ 230 mil — nos EUA, ele custa US$ 40.625 (R$ 70 mil, sem considerar alíquota de importação, IPI e ICMS que incidem no valor do veículo quando este entra no Brasil). Ainda que a montadora não traga o novo modelo, poderia diversificar a linha no país e importar a versão com câmbio manual. Ela realmente faz falta.
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