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Beira-Mar consegue lavar dinheiro, mesmo sob segurança máxima

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011


Fernandinho Beira-Mar teve mobilidade reduzida, mas não deixou de articular sua quadrilha.

Fernandinho Beira Mar em foto de arquivo, em 2007 (Foto O Globo)

RIO - Preso há dez anos em penitenciárias federais de segurança máxima, o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, teve a mobilidade reduzida pelo cárcere, mas não deixou de articular as ações de sua quadrilha. 


Numa investigação inédita, o Núcleo de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro, da Polícia Civil, identificou quatro empresas legais usadas para lavar os lucros obtidos por Beira-Mar com a venda de drogas e armas. Juntas, as firmas — com sedes em Foz do Iguaçu (PR), Belo Horizonte (MG) e Campo Grande (MS) — movimentaram R$ 20 milhões em 2010. 

A investigação foi iniciada a partir da descoberta de bilhetes enviados por Beira-Mar a aliados no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro, na Penha.

O material foi encontrado em novembro de 2010, quando a área foi ocupada por forças de segurança.

A análise dos textos revelou uma estrutura articulada pelo criminoso para legalizar recursos da venda de maconha, cocaína e armas. 

O dinheiro arrecadado era depositado, fracionado, em contas bancárias das empresas e seus sócios.

Uma das firmas, com sede em Foz do Iguaçu, movimentou R$ 10,7 milhões entre maio e julho de 2010.

O valor é resultado da soma de dezenas de pequenos depósitos feitos em espécie em agências nos arredores do Alemão.

Com o auxílio do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e da Coordenadoria de Inteligência da Polícia Civil, foi possível monitorar a origem dos depósitos e o destino final do dinheiro. 

Constituídas de forma legal, as firmas têm atividades em ramos como o agrícola e o tecnológico.

Parte dos valores enviados a duas empresas, em Foz do Iguaçu, na fronteira com Ciudad Del Este, no Paraguai, seria usada para pagar carregamentos de cocaína e maconha enviados ao Rio. 

Com base na análise da correspondência, foi possível comprovar que 12 das 30 toneladas de maconha apreendidas há um ano na ocupação do Alemão e da Vila Cruzeiro pertenciam a Beira-Mar. Na época cumprindo pena na penitenciária federal de Campo Grande (MS), o traficante enviava os bilhetes por meio de pessoas cadastradas para visitá-lo na prisão, entre elas advogados. 

Exames grafotécnicos comprovaram que a letra dos bilhetes é mesmo de Beira-Mar.

As outras duas firmas ligadas ao esquema atuam na área de assessoria financeira (Belo Horizonte) e no comércio (Campo Grande).

Em apenas dois dias do mês de junho de 2010, a conta da última empresa recebeu R$ 500 mil. 

A quantia resultou da soma de diversos depósitos feitos em agências bancárias na Penha, em Bonsucesso, Inhaúma e Ramos.

O relatório da investigação, assinado pelo delegado Flávio Porto, relaciona 20 pessoas envolvidas no esquema de lavagem de dinheiro. Entre elas, há advogados e empresários.

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Fonte e foto: Meio Norte.com
Edição: CLICK LAN HOUSE

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