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"Piauí produz quatro milhões de garrafas de cajuína por ano"

terça-feira, 26 de julho de 2011


Agrônomo Josenilto Lacerda.


Esta frase é do agrônomo Josenilto Lacerda Vasconcelos, para ele é pouco pois não representa 10% do caju produzido no Piauí, o produtor de cajuína dos Tabuleiros Litorâneos, em entrevista ao Proparnaiba falou sobre o lançamento do refrigerante de cajuína da Coca-Cola, o Crush.

Vasconcelos disse que há cerca de quatro anos e meio fez uma proposta técnica para o Governo do Estado para que pudesse não só patentear o processo da cajuína e conseguir uma patente internacional, mas também transformar a cajuína em um patrimônio cultural do Piauí. Ele também pretendia desenvolver embalagens exclusivas para a bebida.
“No caso desse produto que a Coca-Cola, a empresa se aproveita de uma brecha na legislação, já que ninguém pode utilizar o nome cajuína, que é um suco de caju clarificado, filtrado e cozido. Ela usa o nome Crush Cajuína, uma marca consolidada da antiga laranjada, que saiu de linha”, comentou.

Para ele, a cajuína está com uma presença muito forte na mídia nacional de três anos para cá. “Ela tem cinco vezes mais vitamina C que o suco de laranja. Eu não tive acesso ainda à ficha técnica desse refrigerante da Coca-Cola, mas ele é semelhante àquele refrigerante de caju de Juazeiro no Norte (CE), que durante um bom tempo se apropriou da marca, mas foi proibido porque a legislação não permitia”, disse.
Segundo Vasconcelos, eles estão usando a marca concorrente, a da São Geraldo, para entrar no mercado. “Na região no Cariri, quando eles lançaram o refrigerante de caju, o consumo da cajuína era muito grande. No Piauí, o consumo per capita de cajuína é alto e além de ser um produto praticamente exclusivo desse Estado. O diretor de operação da fabrica deu entrevista à imprensa do Ceará dizendo que o refrigerante de caju Crush será lançado no Ceará, depois no Piauí e no Rio Grande do Norte, e depois para os outros Estados”, relatou.

Sobre o fato de o projeto do agrônomo estar engavetado há cinco anos, Vasconcelos diz que o Estado como um todo, não apenas o Governo, não percebeu ainda a importância da cajuína. “Uma certa vez a gente apresentou isso ao Governo, o que seria um trabalho de consultoria, mas foi feito de forma voluntária, porque, em uma feira na Alemanha, nós levamos cajuína somente para degustação, e houve um forte interesse de um cidadão alemão querendo saber detalhes sobre a produção da cajuína. Outros consumidores que provaram o produto gostaram, e ficaram muito interessados. Nós ficamos espantados pelo interesse na cajuína porque se qualquer empresa dessa, em qualquer parte do mundo, fizer o registro do processo de patenteamento, nós não podemos mais utilizar sequer o nome cajuína”, falou.

Questionado se com o surgimento do refrigerante Crush Cajuína no mercado, o Piauí vai ficar mais atento, ele responde que o momento é positivo. “Apesar de parecer que a gente só mobiliza diante das ameaças, digo que é positivo porque recentemente estivemos conversando com o vice-governador sobre a cajuína e ele disse que vai tratar disso no Governo. O Piauí tem cerca de 400 fábricas, a maioria de pequeno porte. Não temos grandes fábricas de cajuína porque o produto é de baixa rentabilidade e tem uma alta carga de trabalho e valor agregado, por isso as grandes empresas não se interessam. Mas a produção da cajuína tem uma importância econômica muito grande para o Piauí”, explicou.

Vasconcelos diz que a demanda atual por cajuína é maior do que a capacidade de produção das empresas locais. Na maioria das vezes as empresas não conseguem atender aos pedidos porque a procura é grande. “Como exemplo, o Piauí não aproveita nem 10% do caju que é produzido no Estado, segundo dados da Embrapa. Teoricamente, nós temos matéria-prima para aumentarmos 10 vezes a produção de cajuína. O Piauí produz hoje aproximadamente quatro milhões de garrafas de cajuína por ano. Isso é muito pouco”, relatou.
O agrônomo cita que o Brasil é o segundo produtor de caju do mundo. “O primeiro produtor é a Índia e em terceiro aparece o Vietnã. Tanto a Índia quanto o Vietnã estão próximos e vizinhos da China, que é o maior mercado consumidor de tudo que se produz no mundo. As acerolas que você coloca nos Tabuleiros Litorâneos têm como destino final, para dois terços do que é comercializado, a China”, disse.
Vasconcelos ainda alerta para uma ameaça dos chineses patentearem a cajuína. “Se eles lá, que não sabem como se faz cajuína, ela só é feita aqui, descobrirem o produto, podem até patenteá-lo, e com isso, impedir que a gente coloque a cajuína no mercado internacional. O risco é muito grande. Pode ser que a gente esteja aqui subestimando o potencial que nós temos”, comentou.
Só para exemplificar, o agrônomo pontua que o nome cachaça não pode ser utilizado no mercado internacional. Na Alemanha há empresas especializadas em registro de patentes de produtos do mundo inteiro. O Brasil tinha o cupuaçu registrado como marca, e o cupuaçu é fruta. O país passou cinco anos brigando na OMC para derrubar a patente do cupuaçu. O Brasil tinha que pagar royalties para uma empresa alemã. Só pelo fato de ser uma fruta é que a patente foi derrubada na OMC.

Ele diz que o processo feito por ele sobre a cajuína ficou engavetado por muito tempo por falta de compreensão dos gestores públicos “Quando você não compreende o que está fazendo e nem aonde quer chegar, você não dá muita importância. Às vezes o mais importante é uma diária, um projeto de resultado mais imediato”, concluiu.


Fonte e foto: Proparnaíba
Edição: CLICK LAN HOUSE

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